domingo, 3 de fevereiro de 2008

Domingo é dia de Liberdade

Ao contrário do que a janela do meu apartamento mostrava, São Paulo não estava deserta, São Paulo toda estava na 25 de Março. A saída do metro São Bento nos leva a uma ladeira que desemboca na 25, e lá de cima não acreditei na quantidade de pessoas que estavam na rua. Segundos depois do espanto a emoção foi se transformando em um agradável sentimento de familiaridade. Sol rachando na cabeça, ladeira e multidão. Como aquilo tudo tava parecendo Olinda, e quase pude sentir o fedor de mijo, mas apenas o esgoto aberto mesmo. No fim das contas, a melhor coisa que eu poderia ter feito no meu sábado de Zé Pereira sozinha eu fiz, fui numa 25 lotada de gente e acabei me sentindo mais em casa. Ainda na descida, fui me misturando ao povo à procura das tais pequenas necessidades e aos poucos a falta do carnaval como eu conheço foi aliviando.


Bem, mas hoje é domingo (pé de cachimbo, cachimbo é de ouro) e domingo é dia de Liberdade. Em uma caminhada plana de 15 minutos chego em um dos programas mais legais pra se fazer no último dia de descanso dos fins de semana, o bairro reduto dos japoneses. Hoje particularmente vou atrás de um presente para um casal de amigos que em poucos dias voltam para São Paulo e aproveitando vou almoçar decentemente, já que como não vejo nenhuma graça pra cozinhar pra mim só, o que está fazendo me alimentar mal nesse mês solitário, coisa da qual não posso abusar como quando era criança, meu corpo hoje em dia manda claros sinais de que não fica bem.


Favor desconsiderar a gramática, sempre.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Manhã de sol. Recife dos meus carnavais.

Se na noite passada fui dormir triste, hoje eu acordei arrasada. De novo me volto pra folia, a que não pude ter. Ao contrario do que previram os meteorologistas, o sábado (de Zé Pereira) é de sol lindo e intenso, o que me faz lembrar ainda mais da festa que é feita na minha terra, e que não é muito comum aqui na terra da garoa, nem a festa nem o sol.


A essa hora estaria tomando meu café reforçado, iria preparar meu cantinho com a bebida e passar um protetor solar, logo estaria pronta, e diferente da maioria dos amigos, que só chegam após o meio dia, eu já estaria lá, em uma casa bem movimentada na Rua do Amparo vendo os primeiros blocos passarem.

Bem ou não, estou em uma São Paulo com sol e deserta pois todos fugiram, foram pra praias e pro interior passar o carnaval como eles conhecem. Está tudo tão deserto que tenho certeza que poderia andar na contra mão em velocidade por uma hora que não colidiria com nada. E o melhor que posso pensar é ir na 25 de março comprar pequenas necessidades e na volta comprar umas cervejas e beber sozinha. Se for pra passar carnaval aqui, que seja com dignidade.


Favor desconsiderar a gramática, sempre.

Frevo Nº1 do Recife

Composição: Antônio Maria

Ai, ai saudade
Saudade tão grande
Saudade que eu sinto
Do clube da Pás, do Vassouras
Passistas traçando tesouras
Das ruas repletas de lá
Batidas de bombos são maracatus retardados
Chegam da cidade cansados
Com seus estandartes no ar

Que adianta se o Recife está longe
E a saudade é tão grande
Que eu até me embaraço
Parece que eu vejo
Walfrido Cebola no passo
Haroldo Mathias, Colaço
Recife está dentro de mim

O primeiro

A pior coisa que pude experimentar foi não me darem a chance de ter uma conversa. Agora, e há alguns meses, tenho convivido com um fantasma, tudo porque não pude conversar. Mas o porquê que realmente interessa nisso tudo é o porquê de me importar tanto, de me afetar tanto, de não superar mesmo não tendo tido a chance da tal conversa. É nisso que tenho que focar, e é esse o motivo de estar passando por cima de outro fantasma, o de escrever. Trauma sobre trauma.


Acabei de dar por mim que já é sábado de Zé Pereira e que estou escrevendo (trauma) notas sobre certo fantasma quando normalmente eu resolveria isso, pelo menos nessa época, com goles secos de uísque e uma boa dose de música espalhada pelos 4 cantos da cidade. Não haveria espaço para pensar, deixaria pra depois, da quarta-feira. Carnaval, a melhor época, sem dúvidas. E cá estou eu, sem a folia o melhor é deitar.


Favor desconsiderar a gramática, sempre.